quarta-feira, 8 de abril de 2009

A Entrevista de Maroca - 2: O diagnóstico e o amadurecimento tardio do prefeito


Ficou claro que o Maroca tenta passar a idéia de que está inteirado dos problemas de Sete Lagoas. Evidencias disso é a sua fala com riqueza de detalhes quando trata da falta de equipamentos no Hospital Municipal: como o "Tomografo", o "Arco Cirúrgico". Mas é uma pena que o prefeito não tenha feito um esforço antecipado para se inteirar dos graves problemas da Sete Lagoas contemporânea. Explico.

O governo Maroca passou os últimos três meses reclamando da falta de transição, não é? Mas o que ficou muito claro com a sua "entrevista", foi que mais do que faltar uma transição, como reclama o prefeito, falou-lhe um projeto para a cidade atual. Pior: pelo que disse, ele não tinha conhecimento histórico dos fatos, assim, não poderia fazer um diagnóstico real e prévio da situação que se encontrava a cidade. Calma, eu já dou evidências disso. Mas, leitor, me permita uma pequena digressão rápida e imodesta. Vejam, este bloguinho além de deixar bravo o pessoal do prefeito, também lhes ajuda muito, sobretudo, nas escolhas mais significativas para a cidade. Só um exemplo.

No dia que reuni e publiquei um conjunto de links sobre o que já postei no blog a respeito de saneamento, incluindo o vídeo minha exposição na Câmara sobre o assunto. O povo lá do Maroca passou dia por aqui se inteirando sobre saneamento. Como eu sei disso?, tenho controle de audiência específico e boas fontes entre os mesmos. Mas este cidadão lhes escreve fica feliz em dar sua a contribuição e não quer nem que eles admitam isso. E não fariam mesmo. Mas adiante. Tratando das evidências que mostram a ignorância prévia de Maroca sobre os problemas da cidade.

Lembra-se de sua fala em relação à falta de água. O prefeito disse que agora em época de chuva está faltando água como não ocorria antes. Errado. Tanto em 2007, como em 2008, Sete Lagoas sofreu como sofre agora com o problema da falta de água EM ÉPOCAS DE CHUVAS. Assim vejam, Maroca desconhece um dado histórico é importantíssimo. Qual a diferença que faria ele saber disso? Reparem, se o então candidato a prefeito Maroca não ignorasse essa informação estratégica. Ele já teria previamente um diagnóstico da grave e emergencial situação do abastecimento de água na cidade. Com isso, ele poderia, junto com sua equipe de programa de governo, ter formulado uma solução para o problema. Não só a solução mas e principalmente a estratégia para implementá-la politicamente.

Pois bem, se o então candidato tivesse feito o "dever de casa" ele estaria usando esses preciosos 100 dias de governo para fazer e não pensar no que ainda vai fazer. E não me venha com a desculpa que não sabia quais eram os convênios que a cidade tinha e o desconhecimento sobre as finanças, porque essas desculpas podem justificar a cautela, nunca há inexistência de um projeto, de um programa bem planejado.

Observem o caso do saneamento. Quando foi perguntado pela moradora se a opção era trazer a Copasa ou melhorar o Saae, qual foi à resposta do prefeito? Você recorda? "Não é nossa intenção negociar com a Copasa..." E completou. "Mas ao mesmo tempo eu fico preocupado com a demanda..." Sobre o assunto saneamento também disse que esteve em Brasília e etc. Mas, leitor amigo, ficou claro para você qual é a posição de Maroca? Quer dizer, ele foi totalmente errático.

E por que Maroca fica nessa hesitação? Porque só agora ele está tomando consciência da gravidade do problema água e esgoto no município. Antes Maroca dizia como me disse que a questão era administrar bem o Saae. Não é, respondi-lhe de pronto. Falei a ele o que volto repetir aqui no blog. Não adianta administrar certo a coisa errada. A cidade pode envidar o melhor esforço gerencial para resolver os problemas operacionais e administrativos daquela autarquia, que isso não vai mudar estruturalmente o déficit de infraestrutura de saneamento da cidade. Além do que, por mais que o Saae melhore ele vai estar a distâncias interplanetárias do melhor que existe nesta área. Está tudo bem se a gente se satisfizer com um serviço comparativamente de centésima categoria inferior. Mas, é isso quer para a cidade onde a gente vive e trabalha?

Então, que se note a cidade está pagando um alto preço por Maroca não ter feito o dever de casa. E ele pode pagar um preço muito alto também. O risco que ele e nós como população corremos com isso, é que o tempo político de decidir e tomar a iniciativa está se esgotando. O governo Maroca está perdendo o time político para fazer o que tem que ser feito. Aquele capital político que se adquiri logo após vencer e tomar posse.

Sete Lagoas precisa muito mais que uma política de redução de danos, do tipo enxugamento da maquina, que é positiva, porém insuficiente. É preciso pensar grande, de verdade, e ousar, propor coisas novas e transformar a cidade. Mas, o prefeito não está pronto para tomar decisões, necessita primeiro vencer seus próprios fantasmas, preconceitos e dogmas interiores. No próximo post prossigo falando da entrevista.
(Publicando originalmente: Quarta-feira, 8 de Abril de 2009 03:28)

Um comentário:

Anônimo disse...

Arco cirúrgico o filantrópico Hospital Nossa Senhora das Graças tem e é credenciado pelo SUS.
Tomografo a cidade tem, privado mas que pode ser usado pelo SUS.
Ou seja: tudo bem que o Hospital Municipal precisa destes equipamentos, mas em um momento de falta de recursos não seria o caso de maximizar o que a cidade já tem e priorizar aquilo que não tem?
Se ele realmente soubesse ou entendesse de algo...