quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A cultura das migalhas nos faz pequenos; ou falo da mesquinhez do sindifer que quer dar um mísero reajuste ao trabalhador de Sete Lagoas

Trabalhador das siderúrgicas de Sete Lagoas tem um piso salarial menor até que seu colega da cidade de Matozinhos. Nas constantes crises ele é dispensado sem dó pelo guseiro, que tem devido a sua sub-remuneração um baixo custo para mandá-lo embora e recontratá-lo mais tarde. Por isso, mantém o trabalhador desqualificado para outras atividades e com migalhas. Só para ter uma noção mais de 5 mil desses empregados foram colocados na rua em Sete Lagoas, na crise que afetou o setor. Reparem que na Vale o presidente Lula tomou as dores de alguns poucos demitidos, por aqui nem notou a demissão milhares. É talvez porque eles não rendem as manchetes que seus colegas das empresas renomadas.

Vamos ao caso concreto. Na região de metropolitana de Belo Horizonte o reajuste foi de 6,54%, em Sete Lagoas o Sindifer quer pagar apenas 4,45%, o INPC, quer dizer, só a inflação apurada pelo Índice de Preços ao Consumidor. Se essa proposta vingar aumentará ainda mais o fosso que separa o trabalhador de Sete Lagoas para os de outros lugares. E a crise não pode ser justificativa uma vez que óbvio, o salário é pago a apenas para quem está em atividade.

Esse política salarial reflete também uma cultura que sempre subjugou o trabalho. E é por causa, também, dessa forma de relacionamento que a cidade prefere manter-se refratária a integração e a abertura. Por isso, a maior obra que precisa ser realizada nestas bandas é cultural, mais que a física, que é colossal. Tem que abrir as mentes, acabar com essa relação de trabalho que remete a cidade ao Brasil-colónia, seja na relação empregatícia ou na relação de consumo. A propósito, fiquei sabendo que de tanta reclamação dos serviços da Unimed Sete Lagoas, a CEMIG extinguiu o convênio do seu plano, a "For luz", com a empresa de assistência médica. O que isso tem a ver? Tudo, mostra que a qualidade em geral é precária, até nós serviços privados. Qual é o caminho para a mudança?

É aí que deveria entrar um governo ativo, que atuasse na atração de novos negócios, na qualificação dos empregados dessas empresas e utilizasse todos os instrumentos para buscar uma mudança de qualidade. Quem sabe até se tornar parte de grande BH. Desvantagem? Sei não, pode ser para quem quer continuar enganando o povão, como aqueles que dizem que os preços da Copasa são mais caros. Mas para quem deseja uma cidade mais desenvolvida, essa deve ser uma opção a estudar. Um ganho certo nessa integração seria: operários mais bem pagos. Ah, também vejo o contrário não ser grande BH e até formarmos a nossa própria região metropolitana. Sim, gosto muito também dessa possibilidade, já até tratei dela em conversa com a secretária estadual das Regiões Metropolitanas, mas para isso é preciso pensar grande e sair dessa mesquinharia. Se não vencermos essa mentalidade colonial o melhor é ser grande BH, porque para ser Grande Sete Lagoas é preciso ser grande na mentalidade.

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