terça-feira, 23 de junho de 2009

Amorim reflete pisando em cadáveres: “Não cabe ao Brasil julgar o que acontece no Irã”


Por Gabriel Pinheiro, no Estadão Online:
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, evitou nesta segunda-feira, 22, opinar sobre a crise política iraniana. Indagado sobre o impasse por jornalistas no programa Roda Viva, da TV Cultura, o chanceler afirmou que “não cabe ao Brasil dizer o que o Irã tem que fazer”. “O país tem o sistema dele. Bom ou mau, isso cabe ao povo iraniano julgar (…) não cabe ao Brasil tomar uma posição.”
Sobre a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação à crise, que qualificou na semana passada os protestos da oposição iraniana pela anulação do pleito presidencial como demonstrações “de quem perdeu”, Amorim descartou avaliar a opinião como precipitada. “Tudo indicava que naquele momento o resultado estava adequado”, disse. “Ele não tomou posição, deu uma análise com os dados que dispunha.”
Defendendo a avaliação de Lula, o chanceler destacou que “foi uma eleição em que houve muito debate, muita discussão. Não é muito lógico que em uma votação dessa natureza tenha havido irregularidades tão massivas que conduzissem a um resultado de 63%”, acrescentou, referindo-se aos números oficiais que deram a reeleição ao presidente Mahmoud Ahmadinejad. “Efetivamente, está havendo um reexame dos votos. Nos acompanhamos.”
Segundo Amorim, o convite para a visita de Ahmadinejad ao País - que cancelou uma viagem oficial em maio -, “nunca foi retirado”. “O Irã é um importante interlocutor para a cena do Oriente Médio e questão nuclear”, explicou. “Devemos ter uma relação de Estado para Estado, como temos com muitos outros.”
Na época, o governo israelense protestou contra a visita, assim como entidades homossexuais e de defesa de direitos humanos em São Paulo e Rio de Janeiro, pelas duras posições de Ahmadinejad, que já chegou a dizer que o Estado Judeu deveria deixar de existir. O chanceler rebateu as críticas sobre o diálogo entre Irã e Brasil. “Em quantos países ocorreram coisas que também não apreciávamos? Isso não impediu nosso diálogo com eles.”

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