segunda-feira, 9 de março de 2009

Nem populistas; nem elitistas – Intenções Ocultas 2


Como prometido a vocês prossigo neste post com a segunda parte da reflexão que iniciei no texto “Intenções Ocultas”. Na primeira etapa tratei da falta de um debate fraco e construtivo durante a campanha, fiz uma síntese do estado de calamidade pública que vive a cidade com seus graves problemas e comecei a tratar do conjunto de valores do novo governo. Agora é o momento de avançar.

Vamos refletir sobre o atraso histórico e qual é a intenção desse grupo que chegou ao poder. Vocês já repararam o quanto eles estão batendo cabeça? Decidem fechar uma escola com uma desculpa esfarrapada, são obrigados a voltar a atrás; cortam direitos legais do funcionalismo, tem que voltar atrás; classificam os funcionários de mafiosos, depois dizem que a coisa não passou de um mal entendido; outro dia chegaram ao ponto de tentar impedir os operários do SAAE – Serviço Autônomo de Água e Esgoto - de esquentarem suas refeições em local de costume, conseguiram uma rebelião e novamente tiveram que recuar.

O que está acontecendo, para eles fazerem tanta besteira, uma atrás da outra? O fato é que assumiram o poder resignados com o que aconteceu no último quarto de século, depois Marcelo Cecé assumiu a cidade pela primeira vez a partir 1982. Eles querem porque querem a “minha cidade de volta”. Vivem ruminado insatisfação com o crescimento da cidade neste período – 1982/2008. Mais: se lembram como, o então candidato Maroca, chamou o Bairro Kuwait e virou um grande rebuliço na cidade? [Favela] Pois é, essas são evidencias da visão retrograda com que eles chegaram ao poder, assim, cada decisão é uma besteira a mais que fazem.

O que explica essa visão retrograda. Vejamos: até 1980 eles detinham o poder e desta forma seguraram o crescimento da cidade. Repare que em 1980 a cidade que fica a apenas 60 KM da capital e com uma extensão territorial maior que ela, tinha apenas 100 mil habitantes. Porém a partir de 1982, a cidade antes fechada e refratária ao crescimento, começa receber grande contingente de imigrantes e em poucos anos dobra de tamanho para desgosto do grupo que hoje retomou o poder. A esse grupo interessava conservar o provincianismo coronelista que mantinha a coisa sobre controle da velha casta social.

O problema é que a cidade cresceu eles retomam o poder sem ter mudando a forma de pensar, assim suas ações vão refletindo uma visão xenófoba e elitista. Enquanto isso a rejeição deles vai espalhando em velocidade luz por toda a cidade. Aos poucos começa se instalar uma crise institucional. Aliás, segundo o jornal Tribuna já se fala até em empecheament. Saída que sou totalmente contra, mas é preciso que essa gente faça urgentemente uma reflexão e uma revisão de paradigma já, para não se perder totalmente a governabilidade. Aqui vale subscrever um texto de Luiz Paulo Vellozo Lucas, do Instituto Teotônio Vilela do PSDB, partido de Maroca para sua reflexão: “Uma boa gestão sempre nasce de uma campanha com honestidade de discurso. Quem opta pela demagogia, cedo ou tarde, tem encontro marcado com a desilusão popular.”

O certo é que Sete Lagoas é grande demais para ser refém de uma visão retrograda que segurou o crescimento e o desenvolvimento no passado e quer fazer o mesmo agora. É claro as administrações que expandiram a cidade também foi marcada pelo populismo e clientelismo deixando de fazer os deveres de casa e hoje a cidade vive uma situação crítica, é verdade. Mas nós não precisamos nem de populistas e nem de elitistas. E estes últimos ainda acabam ressuscitando os primeiros. Leiam com atenção o texto em azul, eu publiquei no blog em 16 de Março de 2008 [Antes da eleição] (se quiser ler o texto completo clique aqui), e comparem com o que está acontecendo agora.
(...)
Analisemos a "alternativa" [Maroca] que quase venceu a eleição passada [2004]. Ela representa uma renovação de mentalidade? Não, ao contrário. Representa sim, um passado tradicional, saudosista. A força desta opção, que poderíamos chamar, como direi, de vanguarda do atraso, está justamente em ela representar o resgate da velha estabilidade política. Condição perdida pelas últimas administrações, onde reinou o populismo e outras práticas do gênero. Quer dizer, a população frustrada com as últimas apostas feitas justamente para tentar romper com o velho elitismo, se vê obrigada a dar um passo a atrás.
Ou seja, a renovação não ocorre no essencial. O problema de gente saudosista é, que querem recuperar um passado. Não dá para resolver os desafios contemporâneos com uma visão tenta resgatar “o velho e bom passado”. Um dos grandes problemas de gente com essa visão é que elas olham a cidade que já tiveram e querem que seja como antes, ignorando que isso é impossível. Dessa forma se cria um verdadeiro aparthait, com a volta do privilegio para quem pertence a velha casta social. Aí se terá um verdadeiro conflito social e a revitalização dos neos-populistas.
(...)
Acho que errei só quando imaginei eles pudessem ao menos resgatar a “velha estabilidade política”.
(AMANHÃ - TERÇA FEIRA - PUBLICAREI A OUTRA PARTE DA ENTREVISTA EXCLUSIVA DE PAULO ROGÊRIO AO BLOG, COM COMENTÁRIOS MEUS)

Um comentário:

Anônimo disse...

Leonardo:

Brilhante artigo sobre o governo municipal.

Parabéns.

Geraldo Donizete