quinta-feira, 5 de março de 2009

Câmara Municipal de Belo Horizonte e o sinal dos tempos políticos brasileiros


Vereadores de Belo Horizonte ameaçaram, nesta quarta-feira, derrubar seis vetos do Prefeito Márcio Lacerda que tramitam na Câmara. Comandados pelo líder do PMDB na Casa, vereador Cabo Júlio a pressão tinha como objetivo apressar o preenchimento de cargos do terceiro escalão. Depois de duas horas de negociação a oposição cedeu e os vetos foram mantidos.

Bem, fazendo uma análise da iniciativa de resistência e qual é o seu pano de fundo. Começo pela motivação da coisa que dá a ideia do tipo de política que é feita da Câmara de Vereadores ao Senado Federal: Fisiologismo puro. O que queria os vereadores de BH? Ocupação de cargos para atender seus afiliados políticos e estes por sua vez fazer política pró-padrinhos dentro da maquina, quando não ações ilícitas.

É transparente que a luta dos parlamentares não era a defesa de posições políticas ideológicas programáticas, mas a defesa de seus interesses politiqueiros. Aliás, eles nem fazem questão de esconder isso.

Será que o fazer político se limitou mesmo a esse tipo de ação menor? Claro que sim. Chegamos a um estágio do rebaixamento político deveras vergonhoso para um Estado que se quer democrático. E pior é que é um processo auto-impositivo uma versão política da concorrência comercial predatória, onde o comerciante é obrigado a aderir a prática ou está fora do mercado, porque se não perde a competitividade.

É mais ou menos isso que está acontecendo com a política, ou se entra no jogo ou se está fora dele. Existe saída para a política brasileira? É a questão que começa ser colocada pela sociedade. Penso que para reverter o quadro tem que ocorrer uma dessas coisas: 1) morte completa do sistêma político atual, por falência multipla dos orgãos, quando a coisa atingir a contaminação absoluta do sistêma; 2) A reação iniciada por Jarbas Vasconcelos, Gilmar Mendes ser encampada pela sociedade se transformar num grande movimento cívico de moralização da política, como ocorreu com as Diretas Já.

Falência ou Reação, o caminho de saída dependerá fundamentalmente da sociedade. Se se omitir o sistema vai a falência; se aderir a reação vem a recuperação. A falência no rítmo que vamos não estaria tão longe de acontecer. Com a falência pode surgir algo melhor ou pior - uma ditadura, por exemplo. O certo é que igual não ficará.

Volto a Câmara de Belo Horizonte. Você, leitor, está se lembrando quem é o Cabo Júlio? Ele é aquele ex-deputado federal que em 1998 foi o mais votado de Minas, com 217 mil votos, e acabou seu mandato de forma melâncolica ao ser envolvido no escândalo das ambulâncias. Pois é, ele está de volta agora como vereador. E, escolado, na coisa da política brasileira e no partido que como diz Jarbas Vasconcelos que "só quer saber de fazer corrupção", o PMDB. Então ele é o quadro certo para o PMDB. Partido que o governador Aécio tratou de defender hoje ao criticar o senador Jarbas Vasconcelos do PMDB pelo que ele, governador, chama de generalizações. Leiam o que disse Aécio, volto em seguida:
Segundo Aécio, as afirmações "obviamente têm impacto". "O senador Jarbas é um homem público extremamente respeitável. Eu apenas temo muito a generalização. Acho que apontar nomes, apontar fatos específicos, seria um passo além da denúncia que atinge a todo a um aglomerado partidário. Portanto, respeito as denúncias do senador Jarbas, mas em qualquer atividade e em especial na vida pública, a generalização, a meu ver, pode levar a algumas injustiças."

Aécio está errado!
O que o governador Aécio queria? Que o senador listasse a quilométrica relação de nomes e ilicitudes dos membros do PMDB? Creio que seria pelo tamanho humanamente impossível para o senador fazê-lo. Mas o ponto é outro. Jarbas Vasconcelos não estava combatendo um ou outro episódio, sim, o vício que tomou conta do partido. A cultura interna do seu partido. Assim, óbvio não era o caso de se referir a particularidades mas a sistemática vigente na sigla. Não é o senador, Jarbas, que está generalizando porque generalizado está é a corrupção no PMDB. "Ah, existe o PMDB do bem?" Estou certo que sim, aqui mesmo em Sete Lagoas conheço muita gente que é a parte boa desse partido. E, por isso mesmo, devem estar de acordo com Jarbas Vasconcelos, como muitos outros Pmdebistas nacionais já fizeram questão de esclarecer que esse é o caminho resgatar a ética na organização partidária. Ele só está reagindo antes que o partido vá falência ética por completo.

Ao governador mineiro é que não fica bem meter a colher em assuntos internos do PMDB. Pior ainda, Aécio, corre o risco, de aos olhos da sociedade, ser visto como defensor das práticas nefastas do partido alheio. Aécio faria melhor se gastasse o seu prestígio alinhando a parcela da sociedade que quer ver o país com novas práticas políticas. Seria inclusive uma forma de se diferenciar do lamaçal ético que entrou o Brasil na era lulo-petismo-pmdbismo, e se sobressair, não só como líder popular, mas um líder de valor ético que não se verga, nem a 100% de popularidade do Lula.

2 comentários:

Anônimo disse...

Análise impecável! Parabéns, Leonardo, por mais uma mostra de lucidez. E quanto ao Aécio, tadinho, ele só tá querendo bajular o PMDB porque sabe que vai ter que correr pra ele se quiser concorrer às eleições presidenciais.

Anônimo disse...

Parabéns, LEONARDO.
Mas o governador, NÃO GENERALIZA se não TERIA que incluir seu nome na LISTA.
VEJA A DO MENSALÃO,
AÉCIO, ANDREIA NEVES e outros TANTOS do seu "QUINTAL".
E o POVO CORRUPTOR E CORROPIDO vai nessa, vende seu voto e CONTINUA ANALFABETO DE TODAS as formas.É UMA VERGONHA!!