sexta-feira, 6 de agosto de 2010

AÉCIO PODE ATÉ SUPORTAR ALGUNS BICHOS EXÓTICOS, MAS REPUDIA DE VERDADE O "HELÉCIO"; TALVES SEJA O CASO DE REPUDIAR OS OUTROS...

Por Reinaldo Azevedo:

Leiam o que informa Paulo Peixoto na Folha Online. Volto em seguida:

Aécio desautoriza movimento “Helécio” em Minas

O ex-governador de Minas Aécio Neves (PSDB) “desautorizou” o movimento “Helécio”, criado por Clésio Andrade, ex-vice-governador na primeira gestão do tucano (2003-2006) e presidente do PR-MG. Segundo Clésio, a ideia do “Helécio” é defender o voto casado em Aécio para o Senado e em Hélio Costa (PMDB) para o governo mineiro.

Hélio Costa disputa o cargo contra o candidato à reeleição Antonio Anastasia (PSDB), apadrinhado político de Aécio. Clésio anunciou que fará campanha pública tanto para Aécio quanto para Costa, que estão em campos opostos tanto na disputa nacional quanto na regional.

“Desautorizo veementemente qualquer tentativa de vincular o meu nome a qualquer candidatura que não seja a do governador Antonio Anastasia”, disse Aécio, por meio de nota distribuída nesta quinta por sua assessoria.

“Trata-se de uma manobra para confundir o eleitor mineiro, uma vez que não há nada em comum entre a minha candidatura e a do adversário.”

Também em nota, a assessoria de Clésio informou que na próxima segunda-feira, com a presença de Hélio Costa, será inaugurado em Belo Horizonte o “escritório do movimento suprapartidário Helécio”. O espaço servirá também para difundir as candidaturas dos petistas Dilma Rousseff para presidente e Fernando Pimentel para senador.

Oficialmente, o PR de Minas está coligado com o PSDB porque Clésio foi voto vencido no partido e perdeu a disputa interna para os deputados federais da sigla. Empresário e presidente da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), Clésio queria o PR coligado com o PMDB e o PT.

Desde o “Lulécio” de 2006 –o voto no petista Lula para presidente em Aécio para o governo mineiro–, outros movimentos tentando associar políticos em campos opostos se alastrou neste ano.

O primeiro que surgiu foi o “Dilmasia”, que prega o voto em Dilma e em Anastasia. Tentando pegar carona na popularidade de Aécio, aliados de Pimentel também tentam difundir o “Pimentécio”, que vem a ser o voto para as duas vagas de senadores que estarão em disputa.

Comento
Tenho uma correção a fazer à reportagem da Folha. O voto “Lulécio” não surgiu em 2006, mas em 2002, na primeira eleição de Lula no Brasil e de Aécio em Minas. Por que sei? Porque escrevi um texto na revista Primeira Leitura afirmando que aquele e outros estranhos híbridos depredavam o processo político e só beneficiavam o PT, ainda que, momentaneamente, pudessem parecer positivos para Aécio e outros. Em 2006, o voto “lulécio” sobreviveu.

Ainda recentemente, quando se falou no tal voto “Dilmasia” — Dilma mais o candidato tucano ao governo, Antonio Anastasia —,notei, vamos dizer, certa preguiça em combater o monstrengo. Ora, quando se abrem as portas para esses frankensteins, as pessoas se sentem estimuladas a criar bichos novos. O da hora é o do patriota Clésio Andrade, o tal voto “Helécio”.

Aécio não gostou. Desta feita, está sendo mesmo sincero. Qualquer que seja o resultado da eleição presidencial, o ex-governador só será vitorioso e se credenciará ou como um dos homens fortes do governismo (caso Serra vença) ou da oposição (caso vença Dilma) se Anastasia se eleger. Se o candidato do PSDB for derrotado, o homem forte do governismo ou do oposicionismo, sem disputa, será um só: Geraldo Alckmin, cuja eleição para o governo de São Paulo parece assegurada — com boas chances de se dar no primeiro turno, o que qualifica a vitória. Caso Beto Richa leve o governo do Paraná, torna-se também uma estrela em ascensão.

Um ou outro desses bichos exóticos, como Dilmécio, Dilmasia ou Pimentécio, podem até ser do gosto do ex-governador — ou, no máximo, irrelevantes. Mas o “Helécio”, não! O triunfo do Helécio seria muito ruim para Aécio, que não teria nem como disputar com Alckmin o segundo lugar, ou primeiro, na fila do PSDB.

Em 2002, escrevi que esses híbridos faziam o elogio da traição. E que a traição, em política, sempre cobra um preço muito caro.

Por Reinaldo Azevedo

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