sábado, 17 de janeiro de 2009

Crise mundial provoca onda de demissões em Sete Lagoas

Só o setor de ferro gusa cortou 3.200 vagas; sindicatos temem mais
Por Zu Moreira, no O Tempo:
A crise afetou em cheio a cidade de Sete Lagoas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a mais atingida em Minas Gerais em termos de demissões. Prova dos altos cortes nos postos de trabalho é que o número de pedidos de seguro-desemprego de setembro à primeira quinzena de janeiro já chega a 5.000. "Tivemos que redobrar os trabalhos porque a equipe é a mesma", conta a gerente regional do Trabalho e Emprego de Sete Lagoas, Maria Aparecida Guimarães, ao se referir ao aumento do pedidos do benefício na cidade.

A média de requerimentos mensal é de 1.270 pedidos. Por dia, passavam pelo posto 30 pessoas e nos últimos meses o número saltou para 80, diz a gerente. "Todos os setores estão sendo afetados pela crise, mas a siderurgia é a que mais demite por aqui", conta ela. Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sete Lagoas, Ernane Geraldo Dias, o setor contabilizou cerca de 3.200 demissões nos últimos meses.

Alex Douglas Ramos trabalhava há 9 meses como vigilante em uma das 21 empresas de gusa que operam na cidade. Na última quinta-feira, foi ao posto apresentar os documentos para receber R$ 415 do seguro-desemprego. "Fico decepcionado porque a empresa não fez nenhum esforço para manter os funcionários", disse. Ao mesmo tempo, a emissão de carteira de trabalho no posto do MTE em dezembro caiu 90% em relação ao mesmo mês de 2007.

No posto do Sine da cidade, na Unidade de Atendimento Integrado (Uai), o movimento de desempregados em busca do seguro-desemprego também é crescente. Na primeira quinzena de janeiro foram em média 60 pedidos por dia, o dobro do registrado em um mês normal.

O sindicato dos metalúrgicos está se desdobrando para atender as empresas que agendam as homologações das demissões. "Por dia são 40, mas com um esforço grande conseguimos atender umas 60 pessoas", conta Ernani Dias. Ele vem negociando com as siderúrgicas um acordo de suspensão temporária do contrato de trabalho para tentar minimizar as demissões. O mecanismo prevê a suspensão por até cinco meses do contrato. Enquanto isso, o empregado é encaminhado a um treinamento e recebe um seguro-desemprego chamando bolsa-qualificação.

"Vamos tentar negociar com o Senai, Senac e outras escolas, para que elas forneçam o treinamento", disse. Segundo ele, "o setor de auto-peças está começando a entrar em parafuso" com o aumento do número de demissões registradas no sindicato. Nesta semana, já tem agendado o pedido de dispensa de 70 funcionários de uma fornecedora do mercado automotivo.

Desaquecimento provoca demissões nas autopeças
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Sete Lagoas, Gustavo Costa Paulino, teme que o setor de autopeças comece a demitir na cidade em função do desaquecimento causado pela parada técnica da Iveco, que deu férias coletivas aos funcionários em dezembro e adiou a volta para 2 de fevereiro. Porém, a médio e longo prazo, ele vê um cenário favorável com atração de fornecedores para o entorno da fábrica. Por enquanto, o saldo que fica tende a ser negativo. Uma revendedora de peças para caminhões dispensou em novembro 28 pessoas em função da queda das vendas. (ZM)

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