terça-feira, 14 de setembro de 2010

Entenda as denúncias contra a ministra Erenice Guerra

Ministra-chefe da Casa Civil, sua irmã e seu filho são acusados de irregularidades. Entenda as denúncias

Da:Redação Época

Braço direito de Dilma Rousseff nos cinco anos em que a hoje candidata do PT à Presidência esteve à frente da Casa Civil, Erenice Guerra se tornou ministra-chefe da pasta em março, quando Dilma deixou o governo para se candidatar.
Seu nome se tornou famoso em 2008, em meio ao escândalo dos cartões corporativos. Na época, com o governo pressionado pela oposição por conta do uso indevido de verba pública, ela foi acusada de montar um dossiê com os gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e da então primeira-dama, Ruth Cardoso, morta em 2008. O polêmico caso está sob investigação da Polícia Federal.
Agora, Erenice surge novamente no noticiário, como personagem central do segundo escândalo que abala a disputa presidencial em 2010 – o primeiro é o das quebras de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB, que também segue sendo investigado pela PF e pelo Ministério Público Federal. Os três irmãos de Erenice – Maria Euriza Alves Carvalho, Antônio Eudacy Alves Carvalho e José Euricélio Carvalho – tiveram cargos públicos federais comissionados, mas deixaram os postos em 2008, após o Supremo Tribunal Federal proibir oficialmente o nepotismo (contratação de parentes em órgãos públicos). Agora, Erenice, dois de seus irmãos, e um dos filhos da ministra, Israel Guerra, estão envolvido em denúncias. Confira abaixo as denúncias que pesam contra Erenice e seus parentes e o que eles alegam:
Filho teria feito lobby e recebido propina
Denúncia: Israel Guerra, filho de Erenice Guerra, teria feito lobby para que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) liberasse a concessão dos voos da MTA Linhas Aéreas, que fora suspensa. Mais tarde, a MTA fechou contrato de R$ 19,6 milhões com os Correios, sem licitação, para transporte de carga.

O lobby teria sido feito por meio da empresa Capital Assessoria e Consultoria, na qual são sócios, além de Israel, Vinicius Castro, funcionário da Casa Civil, e Stevan Knezevic, servidor da Anac, hoje lotado na Presidência. Em troca da intermediação, Israel cobraria uma “taxa de sucesso” de 6% sobre os contratos, e a própria Erenice teria cobrado o empresário Fábio Baracat, ex-sócio da MTA. A defesa: Em nota distribuída no sábado (11), Fábio Baracat “rechaça oficialmente as informações” de pagamento de propina. Em posterior entrevista, Baracat confirmou que Israel Guerra atuava como intermediador da MTA. Erenice Guerra também nega as acusações. Ela colocou seus sigilos fiscal, bancário e telefônico à disposição e solicitou uma investigação por parte da Comissão de Ética da Presidência.
Contrato sem licitação
Denúncia: Maria Euriza (irmã de Erenice) teria aprovado, em setembro de 2009, sem licitação, a contratação, por parte da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do escritório de advocacia Trajano e Silva Advogados, onde trabalhou até março Antônio Eudacy, seu irmão e da ministra Erenice. O escritório deveria defender a EPE contra uma empresa que brigava para participar de um leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Observação: Márcio Silva, um dos sócios do escritório Trajano e Silva Advogados, representa a campanha da ex-ministra Dilma Rousseff na Justiça Eleitoral A Defesa: Márcio Silva, sócio do escritório, diz que a contratação foi feita às pressas porque era o único contato que a EPE, sediada no Rio de Janeiro, tinha em Brasília
Empresa aberta em nome de laranja
Denúncia: Em 1997, Erenice Guerra teria usado um “laranja” para abrir a empresa de investigação particular Conservadora Asa Imperial em nome de seu filho, Israel Guerra. A “laranja” seria a professora desempregada Geralda Amorim de Oliveira, que confirmou ter fornecido documentos para a abertura da empresa. Geralda Amorim de Oliveira é irmã de uma amiga antiga de Erenice A defesa: Erenice Guerra confirmou a abertura da empresa, mas disse que ela nunca operou e nem teve atividade econômica. A empresa aparece como ativa na Junta Comercial do Distrito Federal “por mera formalidade e inércia dos sócios”.

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