sábado, 4 de setembro de 2010

Assalto ao PT de Mauá foi “queima de arquivo”, diz PSDB

O PSDB levantou suspeitas, neste sábado, sobre o assalto à sede do PT de Mauá, no ABC paulista, que ocorreu em meio à revelação de que o contador Antonio Carlos Atella Ferreira era filiado ao PT quando ocorreu a quebra de sigilo de Verônica Costa, filha do candidato tucano à Presidência, José Serra. O PSDB sustenta que o episódio seria uma simulação para desaparecer com as fichas de filiação e outros documentos que poderiam comprovar a ligação de Atella com a legenda da candidata Dilma Rousseff.
De acordo com investigação da corregedoria da Receita, Atella foi o homem que, com uma procuração falsa em mãos, pediu acesso aos dados do Imposto de Renda (IR) de Verônica.O pedido de filiação foi feito em 2003. O nome dele não aparece na base de dados atual da Justiça Eleitoral porque, em 2009, houve um problema técnico em seu registro, que não foi corrigido.

Segundo o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), Atella filiou-se em 20 outubro de 2003 ao PT. A data de exclusão é de 21 de novembro de 2009. Isso não significa, no entanto, que ele tenha se desfiliado, apenas que o nome deixou de constar da lista de filiados ao PT. A exclusão foi feita menos de dois meses após a violação do sigilo de Verônica. A filiação foi feita primeiro em Mauá, no ABC paulista. Depois, o título de eleitor de Atella foi transferido para Ribeirão Pires, também no ABC.
Em entrevista coletiva na sede da campanha tucana, em São Paulo, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse que o episódio reforça a hipótese de motivação política. “O nome de Atella foi excluído dois meses após a quebra de sigilo, como se fosse para apagar o rastro criminoso. E agora ocorre essa simulação de assalto ao PT de Mauá. Isso não seria suficiente para justificar a motivação política desse crime?”, indagou. “O material furtado só interessava ao PT, com o objetivo claro de queima de arquivo”.

O senador criticou a postura do ministro da Fazenda, Guido Mantega que, para ele, banalizou o caso. E fez uma comparação com o escândalo conhecido como Watergate, que levou à renúncia do presidente americano Richard Nixon,em 1974. “No Brasil, ao contrário de providências imediatas e decisivas, o ministro da Fazenda vai à TV banalizar o fato, como se isso pudesse excluir o governo e o PT de responsabilidade”. Para Dias, há um coincidência no país: violações de sigilo em anos eleitorais. Ele citou 12 mil acessos que teriam sido feitos a dados sigilosos de políticos, empresários, jornalistas e juízes em 2006. “Quem foi punido? Não se tem notícia, o fato se repete”.

Despesas pagas pelo PT – Ele também citou reportagem de VEJA desta semana, em que o jornalista Amaury Ribeiro Jr. admitiu que realizou uma investigação envolvendo Verônica Serra, o vice-presidente executivo do PSDB, Eduardo Jorge, o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, o ex-diretor do Banco do Brasil e tesoureiro das campanhas de Serra e FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, e Gregório Preciano, casado com uma prima de Serra. Amaury afirma, porém, que seu trabalho de investigação foi apenas jornalístico, realizado durante um período em que trabalhava em um jornal mineiro.

Apenas em abril, depois de ter deixado o emprego, é que Amaury diz ter recebido o convite para trabalhar no comitê da campanha do PT – o que, por motivos financeiros, nunca chegou a se concretizar, segundo ele. De acordo com o jornalista, os ladrões petistas teriam invadido o hotel em que estava hospedado em Brasília – em um quarto alugado pelo PT -, violado seu computador e copiado e transformado em dossiê o produto de suas investigações.

PSDB vai entrar com duas novas ações na Justiça – Na entrevista, os dirigentes tucanos anunciaram que o partido vai investir em uma nova ofensiva jurídica por causa do escândalo. A coligação de Serra vai entrar com um pedido de investigação jurídico eleitoral no Ministério Público Eleitoral (MPE) e com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) acusando o secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, e o corregedor do órgão, Antonio Carlos Costa D’Ávila de improbidade administrativa e de obstruir as investigações.

O partido nega que as ações tenham o objetivo de cassar a candidatura de Dilma. E dizem que o presidente Lula tem responsabilidade política sobre o caso. “O propósito não é eleitoral, não importa, agora, ganhar ou perder eleição. Se aparelharam a Receita, podem aparelhar o Banco Central”, disse Alvaro Dias. “Isso é próprio de uma republiqueta”, fez coro o presidente do PPS, Roberto Freire. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) arquivou representação anterior, proposta pelo PSDB contra Dilma.

Vice na chapa tucana, o deputado federal Indio da Costa (DEM-RJ) cobrou explicações da oponente petista. “O PT está escondendo Dilma mais uma vez. Ela tem que vir a público”, disparou, chamando o caso de “palhaçada”.

Por:(Mirella D’Elia, de São Paulo)

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