terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Veja: Entrevista Fernando Pimentel

Nova entrevista de Ferando Pimentel (11/10/09):
"Para o presidente Lula, a candidatura de Dilma são favas contadas. Está empolgadíssimo. Tenho uma ligação antiga com ela e ele quer que eu o ajude nas costuras da campanha presidencial"
O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel poderá ser o mais novo ministro do governo Lula. Ele foi sondado para chefiar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Se confirmado, usará o posto para articular a campanha presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, sua companheira de luta armada nos anos 70. É um reforço de peso. Pimentel é uma das lideranças mais arejadas do PT. Administrou as contas da capital mineira por dezesseis anos – nove deles como secretário e sete como prefeito. Empreendeu um bom programa de obras, muitas delas em parceria inusitada com o governador tucano Aécio Neves. Aos 57 anos, deixou o cargo com 85% de aprovação. Com esse cacife, poderia ter tentado eleger um sucessor petista em Belo Horizonte. Preferiu, porém, aliar-se a Aécio para levar à vitória um afilhado de ambos, o socialista Marcio Lacerda. A aliança enfureceu os dirigentes petistas, mas mostrou que PT e PSDB podem se entender em determinadas situações. Ele recebeu VEJA em seu escritório na capital mineira.

O presidente Lula o convidou para o ministério?
Não, mas há duas semanas, durante uma reunião no Palácio do Planalto e em um almoço no Alvorada, ele disse que quer me incorporar à sua equipe, provavelmente para uma função na área econômica.
Qual? A chefia do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social?
Acho que meu perfil se encaixa nessa função. Sou um economista com larga experiência administrativa e tenho bom trânsito junto aos sindicatos e ao empresariado.
Parte do PT mineiro tenta barrar seu ingresso no governo federal sob a justificativa de que o senhor entregou a prefeitura de Belo Horizonte a um aliado do PSDB.
A prerrogativa de nomear ministros é exclusiva do presidente da República. Quanto à prefeitura, ocorreu o contrário: ganhamos uma eleição que tinha tudo para ser perdida. O PT atravessava o que eu chamo de "síndrome da derrota". Fazia dezesseis anos que estávamos no poder e o risco de perder era real, pois enfrentaríamos um candidato do governador Aécio Neves, um líder fortíssimo. Em um segundo turno, seriam todos contra o PT. A candidatura do partido foi oferecida a Patrus Ananias (ministro do Desenvolvimento Social), o único que podia nos conduzir à vitória, mas ele não quis. Agora, fica aí se dizendo alijado. A aliança com Aécio permitiu eleger um candidato do nosso campo político.
"Temos de confiar nos líderes do PMDB que são ministros e que, até onde se sabe, trabalham para que seu partido marche conosco em 2010. O fato de o PMDB ter derrotado um petista no Senado não é o fim do mundo"
Por causa dessa aliança, o senhor é acusado de só pensar em se viabilizar como candidato à sucessão de Aécio.
O discurso de 2010 é balela, mas reconheço que há uma divisão no PT. O que está em jogo no partido – não só em Minas, mas em todo o país – é mais complicado. De um lado estão aqueles que, como eu, querem que o PT incorpore a nova classe média, que veio à tona no governo Lula. Do outro, estão aqueles que querem que o PT continue a ser um partido de inspiração bolchevique. Essa gente ainda acredita que o sujeito tem de ler O Capital e rezar pela cartilha marxista-leninista para militar no PT. Um setorzinho xiita de Minas pensa assim e levou de roldão líderes como Patrus Ananias e Luiz Dulci (secretário-geral da Presidência). A maioria do partido e o presidente Lula não têm essa concepção estreita.
Mas, afinal, o senhor é candidato a governador de Minas Gerais?
Não posso dizer que sou, mas meu nome está colocado nessa disputa. Fui prefeito da capital, saí do cargo com um alto índice de aprovação e fiz meu sucessor. Mas minha candidatura depende da estratégia do partido para eleger o próximo presidente e da união do PT de Minas. Além disso, precisamos assegurar aos mineiros que não vamos desconstruir o que o governo Aécio fez de bom.
O candidato do PT não deve criticar Aécio?
Ou reconhecemos que ele faz uma boa gestão, ou chamaremos os mineiros de burros. Afinal, a maioria da população aprova seu governo. Da mesma forma que Aécio diz que, se for candidato a presidente, não será um anti-Lula, se eu for candidato ao governo de Minas, não serei um anti-Aécio.
O senhor diz que o projeto do PT em Minas deve se subordinar ao quadro nacional. Qual será ele?
Tudo indica que a disputa em 2010 se dará entre a ministra Dilma Rousseff e o governador (de São Paulo) José Serra.
O governador Aécio é uma carta fora do baralho?
A meu ver, o jogo está definido no ninho tucano. Aécio pressionará pela realização de prévias mais para preservar seu espaço do que por acreditar que elas ocorrerão. Esticará a corda, mas sabe que não tem mais espaço. As chances de Aécio ser candidato caíram sensivelmente depois que Geraldo Alckmin entrou na equipe de Serra. Serra uniu o PSDB em São Paulo, e o PSDB é um partido eminentemente paulista.
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