segunda-feira, 28 de abril de 2008

Veja essa análise sobre a embrólio político de Belo Horizonte

Por Reinaldo Azevedo:
A união do Caprichoso e do Garantido de BH
Como vocês já devem ter visto, o Diretório Municipal do PT de Belo Horizonte indicou ontem o deputado estadual Roberto Carvalho para vice de Márcio Lacerda (PSB) na disputa pela Prefeitura da cidade. Por enquanto, está tudo certo e nada no lugar.

Formalmente, o partido ainda não desobedeceu a Executiva Nacional, que, por 13 votos a 2, decidiu vetar a aliança com os tucanos na capital mineira. Lacerda, homem de confiança de Aécio Neves e de Ciro Gomes, é do PSB, um partido da base aliada a Lula. A nota da Executiva não prega candidatura própria. O problema é se o PSDB entrar formalmente na coligação.

Mas e quando Aécio — ou o PSDB — integrar o grupo? O prefeito Fernando Pimentel, com o gesto de hoje, decidiu esticar a corda. Há quem diga que estaria disposto até a entrar na Justiça. Difícil. É quase certo que a Executiva levaria a melhor. E então?

A partir de hoje, os bombeiros, inclusive o presidente Lula — que sempre soube do veto e fingiu não ter gostado — começam a atuar. Vamos ver as alternativas:
1) A Executiva Nacional do PT encontra um jeito de recuar e agasalha a vexame, especialmente depois das críticas azedas feitas ao governo Aécio Neves;
2) O PT mineiro recua e lança candidatura própria; nesse caso, Lacerda se candidata com o apoio do PSB, do PSDB — e de quem mais topar;
3) O PSDB lançaria um candidato próprio, e Lacerda concorreria com o apoio do PT. O nome tucano poderia ser de brincadeira, para ser cristianizado mesmo. Nessa hipótese, o PSDB é que passaria o vexame de dar apoio clandestino a um candidato;
4) O Diretório Nacional do PT intervém em Minas, e estaria criada uma crise razoável numa das seções do partido. Nesse caso, tem-se candidatura própria.
5) O PSDB lança um candidato para efetivamente disputar a eleição. Mas e Lacerda? Nesse caso, sua candidatura não faria muito sentido. O apoio do PT a seu nome, curiosamente, só em razão de ser se ele contar com a sustentação de Aécio — de outro modo, os petistas pediriam a cabeça de chapa.

Atenção: poucas coisas são tão eficazes para mudar a opinião dos políticos quanto o “fato novo”. O que isso quer dizer? É a saída nº 6: o PT mantém o atual status do debate, e Aécio adia até o último dia a decisão dos tucanos. E acaba aderindo ao grupo. A Executiva Nacional petista alega que não há mais tempo para fazer nada, e se consolida a aliança.

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