segunda-feira, 26 de maio de 2008

Matéria

Ele quer ser candidato a prefeito
E teria tudo para ser descartado. Teria. Porque não é o que está acontecendo.

Por Nicanor Cardoso, especial.

Difícil conceber a idéia de alguém que não tenha ocupado cargo público, ser prefeito; difícil também é imaginar a viabilidade política de alguém que além de não ter vivência pública, não pertence à tradicional família da cidade; e nem mesmo seja filho da terra. Mas ao que tudo indica o difícil começa a acontecer: a cada dia, mais e mais gente começa a tratar com respeito a postulação de Leonardo Barros.

Bem, e qual é a explicação para este fenômeno? Existem muitas explicações plausíveis: a asfixia do povo com os velhos políticos; o fato de que Leonardo era desconhecido pelo mundo político mas respeitado no meio empresarial como consultor e junto ao mercado consumidor – onde tornou-se o "Leonardo da Sharp"; a sua habilidade política que começou a ser moldada ainda na adolescência na luta pela redemocratização e no movimento estudantil em Belo Horizonte e completada em grandes institutos de pesquisa política por onde começou a trabalhar; sua forte atuação na oposição e seu posicionamento partidário claramente assumido, aliado ao senso de oportunidade e boa comunicação.

Mas para se começar a entender melhor o fenômeno Leonardo Barros, deve-se analisar a sua participação nas decisões importantes que a cidade teve que tomar, como: SAAE x Copasa e PAC; Hospital Regional e Pequi x AMBEV. Para começo de conversa, em todas elas, Leonardo esteve presente. Vejamos: quando o debate sobre a vinda da Copasa estava interditado e limitado a discussão sobre a garantia de empregos e tarifa, foi Leonardo que num artigo para o jornal ajudou a desinterditá-lo conclamando a cidade a ir além daquelas questões, discutindo uma política de saneamento. Mais: no momento em que a patrulha ideológica e corporativista, favoráveis a manutenção da autarquia local, calou os políticos que defendiam a vinda da Copasa, ele reafirmou sua posição favorável a estatal mineira enfrentando-os praticamente sozinho na audiência promovida pela Câmara. Quando o prefeito abandonou a proposta da Copasa e optou pelo PAC, ele foi o primeiro a denunciar a ausência de recursos no PAC para tratamento de esgoto, além de alertar para o custo maior do projeto para tratamento da água e o impacto do financiamento PAC-BNDES nas contas públicas do município.

No esforço coletivo da cidade para convencer o estado a instalar um Hospital Regional na cidade, foi Leonardo quem sugeriu a idéia de alterar o Plano Diretor de Regionalização estadual da saúde, para criar uma nova Macroregião tendo Sete Lagoas como cidade sede. Essa idéia fundamentou a proposta de construir aqui o Hospital Regional. E não foi diferente agora na luta da cidade para garantir que a AMBEV se instalasse no município, ele arregaçou as mangas e participou ativamente do esforço e sua participação foi reconhecida até pelo prefeito Leone Maciel.

Essa participação ativa nas questões de interesse da cidade além de torná-lo mais conhecido, lhe fez reconhecido como ator importante do processo político. Entretanto, isso pode qualificá-lo, mas não explica a façanha que ele está conseguindo. Qual é o seu segredo para enfrentar tamanho desafio? De onde tira tanta força para lutar pelo seu objetivo?

É possível que sua força esteja na sua história de vida. História que poderíamos sintetizar numa palavra: superação. Logo após o nascimento Leonardo foi entregue pela mãe para um casal de idosos, porém, antes mesmo de completar 9 anos ele os perdeu. Faleceram e ele foi morar em instituições de amparo a criança. Primeiro num orfanato distante na zona da mata interior de minas de onde, insatisfeito, ele fugiu e conseguiu chegar a Belo Horizonte. Depois desse episódio e por sorte sua foi acolhido por uma das melhores instituições de apoio ao menor da capital a Casa do Homem de Nazaré. Uma espécie de Casa-lar, com todo conforto e ambiente de uma família comum, lá ele teve apoio para estudar e liberdade para inserir-se na comunidade. Isso talvez explique sua força e destemor.

Leonardo Barros ainda tem pela frente muitos desafios a superar, a começar pelo seu adversário interno o vereador Dr. João Batista que também quer ser candidato a prefeito. Mas se for o indicado na convenção, seu partido o Democratas, estará fazendo história e poderá estar lançando o que muitos já chamam de o Lula da direita.

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