domingo, 1 de junho de 2008

Yon Goicoechea de 23 anos, lidera a resistência da Venezuela ao autôritarismo de Chaves


Na revista Veja desta semana, por Camila Pereira:
Apesar da pouca idade – apenas 23 anos –, o estudante de direito Yon Goicoechea é hoje um dos principais líderes de oposição ao governo do presidente Hugo Chávez na Venezuela. Sua atuação à frente do movimento estudantil foi considerada pelos observadores decisiva para a derrota de Chávez no referendo que lhe teria conferido mais poder e limitado ainda mais a liberdade dos venezuelanos. Por sua luta em prol da democracia, Goicoechea recebeu, no mês passado, um prêmio de 500 000 dólares do instituto americano Cato, sediado em Washington. Ameaçado de seqüestro e até de morte pelos chavistas, ele passou a tomar algumas medidas de segurança em seu dia-a-dia. Não sai mais à rua sozinho e troca o número do celular a cada quinze dias, para evitar ser grampeado. Ainda assim, vive com medo de ser vítima de um ato violento por parte do governo. Na entrevista que concedeu a VEJA, Goicoechea se revela uma voz destoante no movimento estudantil: critica o fato de tais movimentos receberem dinheiro do governo, tal qual no Brasil, e é contra invasões de reitoria como forma de protesto.


Veja – Você acaba de ganhar um prêmio nos Estados Unidos por lutar pela liberdade em seu país. Qual foi a reação do governo?
Goicoechea – O Ministério da Comunicação usou a televisão estatal para difundir a tese de que, ao conceder o prêmio a um opositor do regime, os Estados Unidos estariam fazendo uma nova tentativa de desestabilizar os governos na América Latina. Uma baboseira ideológica que choca, antes de tudo, pelo anacronismo.


Veja – Qual é sua opinião sobre esse antiamericanismo?
Goicoechea – É inaceitável o fato de a filosofia antiamericanista ainda ter espaço num momento em que os países estão cada vez mais próximos uns dos outros. Enquanto eles se abrem e claramente se beneficiam disso, a Venezuela está isolada do mundo. Também não dá para entender de onde vem tanto ódio contra um modelo que, afinal, deu certo. Fiz palestras em Harvard e Georgetown, ambas nos Estados Unidos, e vi de perto como funcionam algumas das melhores universidades do mundo. Devemos é aprender com os americanos, em vez de repudiá-los. Repare que há muito pouco de objetivo nas críticas feitas por Chávez aos Estados Unidos – são pura retórica. Adoraria ver os venezuelanos vivendo tão bem quanto os americanos.


Veja – Você costuma ser criticado por outros estudantes ao defender tais idéias?
Goicoechea – Sim, o tempo todo. Essas críticas vêm de uma minoria de estudantes que ainda apóia Chávez. Estão motivados, basicamente, por um discurso ideológico de esquerda. Segundo esses estudantes, eu seria um típico representante da direita. Com uma discussão tão ultrapassada, eles deixam de prestar atenção na questão central: quem se opõe ao governo Chávez está lutando pela possibilidade de qualquer venezuelano defender o que bem entenda e acreditar nisso sem que seja punido, como é comum hoje. Para superar um cenário tão atrasado, é preciso pragmatismo – e a insistência no debate ideológico só atrapalha.
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