sexta-feira, 18 de julho de 2014

PESQUISA PARA PRESIDENTE ELEIÇÃO 2014 - ÚLTIMA SONDAGEM ELEITORAL, LEVANTAMENTO, AÉCIO NEVES E DILMA EMPATAM EDUARDO CAMPOS É O TERCEIRO NÚMEROS, CANDIDATOS, QUEM ESTÁ NA FRENTE? AÉCIO TEM CHANCE DE VENCER; MINAS GERAIS 18/07/2014 DATAFOLHA IBOPE INSTITUTOS

Datafolha: Aécio empata com Dilma no 2º turno; rejeição à presidente cresce; cai a aprovação ao governo, e cresce a reprovação

Datafolha 17.07.2014 segundo turno
A pesquisa Datafolha encomendada pela Folha e pela Globo é muito ruim para a presidente Dilma Rousseff, do PT, candidata à reeleição. Se a disputa fosse hoje, ela teria 36% das intenções de voto no primeiro turno. O tucano Aécio Neves aparece com 20%, e o peessebista Eduardo Campos, com 8%. Há 15 dias, o instituto conferia 38% à petista. Aécio tinha os mesmos 20%, e Campos, 9%.
Mas o que há de tão ruim nisso? A péssima notícia para a presidente não está no primeiro turno, mas no segundo. No levantamento de agora, ela aparece com 44%, e Aécio, com 40%. Como a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos, há uma situação de empate técnico. Em fevereiro deste ano, há cinco meses, a distância era de 27 pontos: 54% a 27%. Há duas semanas, de 7 (todos os gráficos que aparecem foram publicados pela Folha Online.
Também a distância que separa a petista do peessebista caiu drasticamente. Contra o ex-governador de Pernambuco, ela teria hoje 45% contra 38%, só sete pontos a mais. Em fevereiro, a distância era de 32 pontos: 23% a 55%. Há duas semanas, era de 35% a 48% — 13 pontos viraram sete. É feia a coisa. E pode piorar: a rejeição a Dilma também cresceu 3 pontos em relação ao começo do mês: de 32% para 35%. Em seguida, vem Pastor Everaldo, com 18%, seguido por Aécio, com 17% e por Campos, com 12%.
datafolha 17.07.2014
Observem: como é que um candidato com 8% das intenções de voto, ainda desconhecido por muita gente, como Campos, consegue 38% quando confrontado com Dilma, no mano a mano? Para quem está empatado com a presidente no segundo turno, Aécio mantém um índice ainda modesto no primeiro. Também ele é bem menos conhecido do que ela. O conjunto dos dados parece indicar que cresce a massa de eleitores que não quer mesmo saber de Dilma.
Datafolha 17.07 rejeição
17.07 primeiro turno
Avaliação do governo
A reprovação ao governo e a aprovação empataram, uma situação sempre temida pelos candidatos à reeleição: hoje, acham seu governo ótimo ou bom 32% dos entrevistados — há duas semanas, eram 35%. Consideram-no ruim ou péssimo, 29% (26 na pesquisa anterior). E os mesmos 28% o avaliam como regular. Dilma, definitivamente, não tem por que se alegrar.
Texto publicado originalmente às 22h08 desta quinta
Por Reinaldo Azevedo
18/07/2014
 às 7:03

São Paulo já dá uma surra eleitoral em Dilma — com Aécio ou com Campos

A seção Painel, da Folha de S. Paulo, traz outros dados da pesquisa Datafolha que devem estar deixando petistas com as barbas arrepiadas.
Um deles: Aécio Neves (PSDB) cresce em São Paulo. No mês passado, apenas 24% dos eleitores de Geraldo Alckmin escolhiam o presidenciável tucano; agora, são 33% — e, não custa lembrar, o atual governador aparece com 54% das intenções de voto. No primeiro turno, Aécio foi o único nome que cresceu no Estado fora da margem de erro: de 20% para 25%. Dilma oscilou de 23% para 25%, e Eduardo Campos (PSB), de 6% para 8%.
O busílis, no entanto, está no segundo turno: a petista perde para o tucano por 50% a 31%; Campos a venceria por 48% a 32%.
Informa ainda o Painel:
Alerta vermelho - A avaliação do governo Dilma caiu nas grandes cidades brasileiras. O percentual de eleitores que consideram a gestão ótima ou boa recuou de 30% para 25% nos municípios com mais de 500 mil habitantes. A classificação ruim ou péssima subiu de 31% para 37%.
Nuvem carregada – Para estrategistas do PT, as grandes cidades são polos com capacidade de transmitir “carga negativa” ao resto do eleitorado. Por enquanto, a avaliação positiva da presidente nos municípios pequenos permanece estável, em 42%.
Por Reinaldo Azevedo
18/07/2014
 às 3:48

Minha coluna da Folha: “Lula, Boulos e as fantasias burguesas”

O MTST, os ditos “trabalhadores sem teto”, está descontente com os serviços de telefonia. Na quarta, seus militantes protestaram na Anatel e nas respectivas sedes da TIM, Claro e Oi. Não deu tempo de ir à da Vivo. A turma agencia também essa causa. Um comunicado parece inaugurar a fase holístico-roqueira do socialismo: “Se acham que a gente vai se contentar só com nossa casa, estão enganados. Queremos moradia, transporte público de qualidade, telefonia e internet, e a gente não aceita pagar caro, não”. É o “aggiornamento” dos Titãs –”A gente não quer só iPhone…”– e o embrião de um novo partido.
Guilherme Boulos, um dos comandantes do MTST e colunista desta Folha, traz consigo o charme irresistível da renúncia. Oriundo da classe média-alta, com formação intelectual, prefere dedicar-se à categoria dos “Sem” –até dos “Sem-Sinal” de telefonia. Lembro-me do fascínio que tive ao ler, aos 15 anos, “Minha Vida”, a autobiografia de Trótski. Largou as benesses do pai abastado para morar no quintal do jardineiro Shvigovski, o revolucionário “do pomar”. Um encanto!
 A coisa meio chata para mim é que eu lia o livro com um fio de lâmpada sobre a cabeça, na cozinha de modestíssimos dois cômodos, à beira de um córrego fétido. Não demorei a entender que certa renúncia é um privilégio de classe, não uma superioridade moral. Dispensar a riqueza abre a vereda para a terra da santidade. A trajetória contrária é coisa de um parvenu. Muita gente com dificuldades de acreditar em Deus crê nos profetas.
(…)
Lula foi a encarnação do delírio das esquerdas à espera do “intelectual orgânico” da classe operária. Mas ele se aburguesou sem nunca ter buscado a altitude das ideias. Boulos, não! Ele nos devolve ao refinado Iluminismo francês. Os seus sem-teto são os “sans-cullotes” das fantasias jacobinas –que são, desde sempre, fantasias… burguesas!
Para ler a íntegra, clique aqui

Por Reinaldo Azevedo
18/07/2014
 às 3:43

MTST: não é só pelo teto, é pelo poder

Por Carolina Farina, na VEJA.com:Já virou rotina: a caminho do trabalho, o paulistano se depara com um protesto do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Em 2014, não houve um único mês sem atos do movimento na capital paulista até agora. O cenário é sempre o mesmo: sem comunicar a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), vias importantes da cidade são fechadas por centenas de pessoas empunhando bandeiras vermelhas e gritando palavras de ordem. E se na forma os protestos parecem sempre iguais, o conteúdo deles mudou – é agora o retrato de um movimento que se perdeu, tornando-se massa de manobra para qualquer causa. Braço urbano do Movimento Sem Terra (MST), o MTST é hoje, como o grupo que o inspirou, um movimento político, e não social.
Se nesta quinta-feira manifestantes acamparam na entrada da sede da construtora Even, em Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo, na quarta o grupo decidiu invadir a sede da Anatel e da operadora TIM. O motivo: reclamar da qualidade dos serviços de telefonia celular no país. Um dia antes, militantes do MTST integraram um protesto contra Israel no bairro de Higienópolis, na região central. O ato terminou em confusão com a polícia. Em junho, o grupo decidiu protestar a favor dos metroviários grevistas e, em janeiro, fez até “rolezão” em shopping. Especialistas avaliam que a distorção de foco é uma estratégia para integrar novos grupos e militantes ao movimento. O MTST é cada vez menos representante da bandeira pela qual foi criado, tendo se tornado uma ferramenta de pressão política. Não à toa o aumento de invasões ocorre em ano eleitoral. “Certamente a liderança do grupo está animada com o barulho que tem feito. Já foi recebida até pela presidente da República e, claro, crê que seu poder político é realmente grande. Então, por que não tentar ir mais longe?”, avalia o cientista político Rui Tavares Maluf. “Isso afeta a legitimidade do movimento”, completa.
Para o filósofo Roberto Romano, a ampliação do foco pode ainda resultar na fragmentação do grupo. “A estratégia pode resultar, neste primeiro momento, em mais adesões. No futuro, porém, pode provocar divisões internas que resultem no fim do movimento”, afirma. “O desvirtuamento dos objetivos se torna algo perverso no longo prazo. E um risco não só à causa como ao grupo”, completa Tavares Maluf.
Ao emparedar os vereadores e a prefeitura de São Paulo, o movimento obteve, em junho, a aprovação de um Plano Diretor que contempla quatro invasões organizadas pelo movimento. Já a ocupação fantasma Copa do Povo, na Zona Leste da capital, será tema de um projeto de lei específico. O líder do grupo, Guilherme Boulos, já foi recebido no Palácio dos Bandeirantes pelo governador Geraldo Alckmin e no Planalto pela presidente Dilma Rousseff. Tendo obtido vitórias como essas, a liderança do movimento agora busca renovar as palavras de ordem para que a adesão aos protestos não arrefeça. E mais: quer aumentar o apoio e a simpatia também de uma massa “virtual”, que não necessariamente contribua com sua presença física nos protestos. “A massa não é facilmente manobrável”, explica Romano. “Por isso são necessárias palavras de ordem eficazes”, completa.
Segundo Tavares Maluf, as invasões asseguram apenas habitação, e o grupo nada faz para garantir acesso dos sem-teto à renda. “Estando disponíveis para protestos toda semana, será que os militantes têm um emprego?”, questiona. O comando do MTST tem sua própria lista e organiza a fila de espera de beneficiários dos programas habitacionais. A lista é justamente a forma como o líder do movimento exerce domínio sobre seus comandados: há planilhas contabilizando a presença diária de cada integrante em acampamentos e invasões – uma espécie de lista de chamada. Logo, quem participa ativamente dos atos do MTST, passa na frente na fila de espera.
Nesta quinta-feira a coordenadora estadual do MTST Natália Szermeta prometeu novos atos pelos próximos quinze dias, prazo de prorrogação da liminar de despejo de um terreno no Morumbi, na Zona Sul, onde está instalada a Ocupação Portal do Povo. O paulistano seguirá alterando sua rotina para fugir das vias bloqueadas pelo grupo. E se perguntando: qual será a causa do dia?
Por Reinaldo Azevedo
17/07/2014
 às 21:14

Ô, Rio! Tão perto do Cristo Redentor, mas tão longe de Deus!

Pois é…  O Datafolha realizou também pesquisa no Rio. Se a eleição fosse hoje, Anthony Garotinho, do PR, disputaria o segundo turno com Marcelo Crivella (PRB). Ambos aparecem com 24% das intenções de voto. Em terceiro lugar, está o governador Luiz Fernando Pezão, do PMDB, com 14%. O petista Lindbergh Farias, uma das grandes apostas do PT neste 2014, marcou 12%, tecnicamente empatado com o peemedebista.
A força de Garotinho está no interior do Estado, onde alcança 31%, contra 16% de Crivella, e nas cidades com até 200 mil habitantes: 32%. O senador está na frente na Capital: 26% contra 16% do ex-governador.
O cenário é bastante incerto. A avaliação do governo de Pezão está longe de ser uma maravilha, mas também não é uma catástrofe: ela é considerada ótima ou boa por apenas 19%, um número muito próximo dos 21% que a avaliam como ruim ou péssima — o que também não é um índice expressivo. Grande mesmo é a parcela dos que dizem que a administração é regular: 40%.
É um dado que parece relevante: o PMDB comanda uma máquina poderosa no Rio, tanto na capital como no interior. Como a avaliação do governo está no meio do caminho, a depender da propaganda, pode migrar para um lado ou para outro. Vamos ver o que acontece depois do início do horário eleitoral.
Informa a Folha:
“Quanto à religião, tanto Garotinho quanto Crivella obtêm índices acima da média entre os evangélicos pentecostais (30% e 35%, respectivamente). Entre os evangélicos não pentecostais, Crivella tem 10 pontos percentuais de vantagem sobre Garotinho (33% contra 23%). Quando questionados sobre em qual candidato não votariam de jeito nenhum, Garotinho lidera, com rejeição declarada por 39% dos entrevistados. Pezão, Lindberg e Crivella vêm em segundo, tecnicamente empatados, com 19%, 17% e 16%, respectivamente.”
Caso Garotinho passe para o segundo turno, a rejeição pode decidir o resultado.
A pesquisa foi realizada entre os dias 15 e 16 de julho, com 1.317 eleitores de 31 cidades do Rio, e encomendada ao Datafolha pela Folha em parceria com a TV Globo. Foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número RJ-00009/2014. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. 
Por Reinaldo Azevedo
17/07/2014
 às 20:33

Alckmin seria reeleito no primeiro turno com 54%; Padilha, do PT, tem 4%. Tucano é o menos rejeitado; petista é o mais

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), tem motivos para comemorar os números da pesquisa Datafolha, encomendada pela Folha e pela rede Globo. Se a eleição fosse hoje, ele seria reeleito no primeiro turno com 54% dos votos. Em segundo lugar, está Paulo Skaf, do PMDB, com 16%. Alexandre Padilha, do PT, marca 4%. O instituto também quis saber também em quem os paulistas não votariam de jeito nenhum. Padilha, o menos votado, dispara na rejeição: 26%, seguido por Skaf, com 20%. Alckmin aparece com 19%.
Na reportagem que levou ontem ao ar, a Globo não apresentou dados comparativos porque a pesquisa Datafolha anterior foi feita apenas para a Folha. Mas o pesquisador é o mesmo, e, obviamente, o cotejo pode ser feito. No levantamento divulgado no dia 9 do mês passado, o tucano aparecia com 47% dos votos no cenário sem Gilberto Kassab; agora, com 54%: em pouco mais de um mês, avançou sete pontos.  O peemedebista, com 16%, caiu bem além da margem de erro: há pouco mais de um mês, tinha 21%. Constante só Padilha: tem os mesmos 4%.
O Datafolha investigou ainda as intenções de voto para senador em São Paulo. O ex-governador José Serra (PSDB) lidera com 34%. Logo atrás vem Eduardo Suplicy (PT), candidato à reeleição, com 29%. O ex-prefeito da capital Gilberto Kassab (PSD) tem 7. A Folha ouviu 1.978 entrevistados em 55 municípios, e a pesquisa está registrada no TSE sob o número SP 0001.
Voltemos à disputa pelos Bandeirantes. Os adversários de Alckmin devem estar preocupados. Tanto Skaf como Padilha resolveram transformar a crise hídrica num problema político, responsabilizando diretamente o governador. Não parece ser essa a avaliação da população. As pessoas sabem que não está chovendo. Há, sim, faltas esporádicas de água em alguns bairros, mas os dois candidatos que se opõem a Alckmin tratam da questão como se as torneiras de São Paulo estivessem secas. E não estão. Ou, então, tentam criminalizar o uso do tal “volume morto”, como se recorrer a ele fosse um crime ou como se a água que chega à população fosse inferior. A estratégia não está dando certo.
Entre um levantamento e outro, há também a greve dos metroviários. De tal sorte foi abusiva e acintosa, que, tenho certeza, o pulso firme do governador — que demitiu alguns grevistas que partiram para sabotagem e não cedeu à chantagem — acabou colaborando para essa ascensão. O resultado é particularmente expressivo porque há ainda a Copa do Mundo, e a máquina federal tentou colar nos partidos de oposição a pecha de adversários da realização do torneio no Brasil.
Melhorou também a avaliação do governo. A gestão Alckmin era considerada ótima ou boa em junho por 41% dos entrevistados; agora, 46% dizem o mesmo. Consideravam-na regular 39% dos entrevistados; agora, 37%. Caiu também o número dos que avaliam o governo como ruim ou péssimo: de 18% para 14%.
 Esta, definitivamente, não foi uma boa jornada para o PT.
Por Reinaldo Azevedo
17/07/2014
 às 17:53

Hamas não deixou alternativa a Israel

O Hamas não deixou alternativa a Israel a não ser o ataque também por terra. O movimento terrorista que governa Gaza rompeu o cessar-fogo humanitário proposto pela ONU e aceito pelo governo israelense e lançou novos mísseis. Como estabelecer alguma forma de negociação com quem não quer negociar? Numa mirada aparentemente lógica, alguém poderia concluir e indagar: “Ah, mas os terroristas do Hamas então contam com isso; por que dar a eles o que querem?” A resposta é simples: porque a opção de Israel seria manter o atual status da resposta, o que, também pela lógica, fortaleceria o Hamas.
É claro que Israel hesitou. Isso ficou evidente. A ofensiva por terra não produz coisas bonitas de nenhum dos dois lados. Não pensem que pode ser menos danosa para os palestinos do que os ataques aéreos.  E expõe, é evidente, os soldados israelenses, o que hoje não acontece. Mas é preciso provocar danos na infraestrutura empregada pelo terror.
O governo israelense deixa claro que o objetivo não é depor o Hamas. Isso seria impossível sem a plena reocupação de Gaza — vale dizer, entrar lá para valer, para ser governo. O custo humano — e também em recursos — é incalculável.
Publiquei aqui um vídeo terrível,  em que o porta-voz do Hamas canta as glórias do martírio e admite que o movimento recorre, sim, a escudos humanos porque isso, segundo ele, é uma arma eficaz contra os inimigos… O que esperar de uma organização religiosa, militar e terrorista que tem esse pensamento?
O custo, infelizmente, se dá em vidas humanas.
Por Reinaldo Azevedo
17/07/2014
 às 17:01

Aids: Números do Ministério da Saúde provam que eu estava certo, ora!

Escrevi ontem aqui sobre a elevação do número de casos de Aids no Brasil, na contramão do que acontece no mundo. Enquanto houve um aumento de 11% em nosso país, entre 2008 e 2013, a queda global foi de 27,6% no mesmo período. Indaguei por que é assim. E apontei algumas causas:
- a propaganda voltada à prevenção no Brasil está estupidamente errada;
- os comandantes dessas ações são grupos militantes, não médicos;
- centra-se a prevenção apenas no uso de camisinha e se esquece da responsabilidade individual.
E apontei também, o que deixou muita gente furiosa, que o crescimento, como atestam médicos que trabalham no Sistema Público de Saúde, se dá majoritariamente entre gays masculinos e entre usuários de drogas, já que não existe mais contaminação por transfusão de sangue.
Neste blog, no Twitter, em outras redes sociais, fui chamado de reacionário, de conservador, de católico — como se isso fosse ofensa. Até de homofóbico! Ora, eu só estava cobrando que os fatos venham à luz para que se possa aplicar a política de tratamento adequada. Isso nada tem a ver com orientação sexual. Já fazer sexo com ou sem risco é uma questão de escolha, sim. Entre hetero e entre homossexuais.
Pois é. Fui xingado, mas eu tinha razão. Jarbas Barbosa, o secretário de Vigilância do Ministério da Saúde, afirmou que o aumento de 11% no Brasil se deu, sim, em razão da proliferação da doença entre ns homossexuais jovens. A prevalência nesse grupo é de 10%, contra 0,4% no resto da população.
Logo, a informação que eu trouxe aqui estava corretíssima. E notem: é importante ter isso em mente não pra discriminar pessoas, para isolá-las, para culpá-las por isso ou por aquilo. Mas para que se possa fazer o trabalho de modo correto, o que salva vidas. A patrulha de alguns grupos gays, que insistem em negar a existência de grupos de risco, mata pessoas. É importante que isso fique claro.
Se as campanhas contra a Aids continuarem a apostar todas as suas fichas apenas no preservativo, limitando a responsabilidade individual a essa proteção apenas, o país continuará a produzir milhares de doentes todos os anos. Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que 400 mil pessoas sejam portadores do HIV e não saibam disso. Só neste primeiro semestre, foram diagnosticados 35 mil casos novos. Mantido o ritmo, serão 100 mil até o fim do ano.
Preconceito uma ova! Preconceituoso é quem pretende negar a realidade dos fatos em nome de uma pregação ideológica. Não se trata de fazer terror, mas de informar. A Aids não é uma doença crônica; ainda mata. Não se trata de tentar passar uma moral de estado, mas de evidenciar que certas combinações costumam ser malsucedidas. Homens não contaminados que fazem sexo entre si jamais ficarão doentes de Aids. Não se trata de um mal decorrente da orientação sexual ou de castigo divino. Trata-se de uma doença, antes de mais nada, comportamental, pouco importa com quem a pessoa se deite.
 O Brasil assiste a essa expansão estúpida da Aids porque insiste em negar o óbvio.
Preconceituosos, como se vê, são os que me atacaram sem nem ler direito o que falei. A ideologia costuma provocar também uma forma muito particular de cegueira.
Por Reinaldo Azevedo
17/07/2014
 às 14:01

Avião da Malásia com 295 pessoas cai na Ucrânia

Na VEJA.com:
Um avião de passageiros da Malaysia Airlines caiu na Ucrânia, perto da fronteira com a Rússia, com 295 pessoas a bordo, disse a agência russa de notícias Interfax, nesta quinta-feira, citando uma fonte da indústria de aviação. A companhia aérea confirmou que perdeu o contato com o voo MH17 e informou que a última posição conhecida foi o espaço aéreo ucraniano.
O avião da Boeing 777 voava de Amsterdã, na Holanda, para Kuala Lumpur, na Malásia. Uma fonte do Ministério do Interior da Ucrânia afirmou que a aeronave foi abatida por um míssil a uma altitude de 10 000 metros sobre o leste da Ucrânia, região onde separatistas pró-Rússia enfrentam as forças de Kiev. O primeiro-ministro ucraniano Arseniy Yatsenyuk ordenou uma investigação sobre a “catástrofe”. A estatal russa de notícias RIA disse que o presidente russo Vladimir Putin está discutindo a queda do avião com Barack Obama. A Casa Branca afirmou que o presidente americano está sendo informado sobre os acontecimentos.
O presidente da Ucrânia Petro Poroshenko disse em comunicado que esta é o “terceiro evento trágico nos últimos dias, depois que um avião militar ucraniano An-26 e um Su-25 foram atingidos por disparos a partir do território russo”. “As Forças Armadas ucranianas não tentaram abater alvos no ar”, afirma o texto. Um assessor do ministro do Interior da Ucrânia afirmou que o míssil foi lançado por separatistas a partir do solo e disse que todos os 280 passageiros e quinze membros da tripulação morreram. Uma fonte do governo relatou que partes de corpos foram vistas em um raio de 15 metros ao redor do local onde o Boeing caiu. Testemunhas afirmaram ter visto a aeronave pegando fogo.
A aeronave caiu em Torez, perto de Shakhtersk, cerca de 50 quilômetros a leste de Donetsk, perto da fronteira entre Donetsk e Lugansk, áreas autodeclaradas independentes pelos separatistas. Representantes de grupos pró-Moscou negaram envolvimento com a queda, alegando que seus armamentos têm alcance de 3.000 metros, informou a Interfax. As Forças Armadas da Ucrânia também negaram responsabilidade sobre a tragédia.
Na segunda-feira, um avião cargueiro da Força Aérea ucraniana foi abatido no leste do país. Segundo Kiev, o foguete que derrubou a aeronave partiu do lado russo da fronteira. Andrei Lisenko, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional e Defesa ucraniano confirmou nesta quinta que dois dos oito tripulantes do avião de transporte modelo An-26 derrubado foram encontrados mortos, enquanto quatro foram resgatados e outros dois aprisionados pelos rebeldes separatistas.
Em março deste ano, um avião da Malaysia Airlines que ia de Kuala Lumpur para Pequim, na China, desapareceu com 239 pessoas a bordo. Após sumir dos radares, o avião desviou de sua rota original e se dirigiu em direção ao Oceano Índico, a cerca de 5.000 quilômetros da costa da Austrália.
Por Reinaldo Azevedo
17/07/2014
 às 13:01

Dilma quer desvincular de sua campanha site comandado por Franklin Martins

Por Andréia Sadi e Valdo Cruz, na Folha. Ainda voltarei ao assunto:
Irritada com a publicação do post que atacava a CBF após a vexatória eliminação do Brasil na Copa do Mundo, a presidente Dilma Rousseff pediu que o site Muda Mais fosse “desvinculado” como um dos sites do comitê de sua campanha à reeleição. A determinação que atinge o site, comandado pelo ex-ministro de Lula Franklin Martins, foi transmitida semana passada a coordenadores da campanha. A informação foi confirmada por seis pessoas diretamente ligadas ao comitê e ao Planalto.
Segundo a Folha apurou, o Planalto quer evitar que o “tom de enfrentamento” do Muda Mais, uma das marcas do site, possa gerar ações na Justiça Eleitoral contra sua candidatura. Inicialmente, a equipe de Dilma registrou dois sites para a campanha de reeleição. O dilma.com.br, sob responsabilidade do marqueteiro João Santana, classificado como site da candidata. E o dilmamudamais.com.br, listado no pedido de registro ao TSE como ”um dos sítios a ser utilizado durante o período da campanha eleitoral” da presidente petista.
O Muda Mais publicou semana passada um texto que apontava a CBF como responsável pela desorganização do futebol no país e criticava duramente o presidente da confederação, José Maria Marin.
(…)

Por Reinaldo Azevedo
17/07/2014
 às 12:54

Alguém pode me dizer qual é a fortuna crítica do trabalho de Gilmar para merecer o cargo?

Gilmar Rinaldi é o novo Coordenador de Seleções da CBF. Aqui e ali, há um muxoxo porque era empresário de jogadores. Huuummm… Não por isso necessariamente. O meu ponto principal é outro. Desconheço a fortuna crítica que seu trabalho tenha gerado que o habilite ao cargo. Alguém conhece? Em algum nicho, seu trabalho e seu pensamento na área do futebol servem de referências? Conversei com alguns jornalistas esportivos, por exemplo, e eles me disseram que não.
É aquela história: pode dar certo, e já estou torcendo desde já por 2018. Do que sei até agora… Ele era, por exemplo, o administrador da carreira de… Adriano. Vá lá, né? Bom para vender o peixe, ao menos, ele era. O problema estava no peixe, não no vendedor, como sabem o Flamengo, o Corinthians…
As palavras iniciais deixam a desejar. Diz que é preciso pensar numa filosofia, voltada para o coletivo. Sei. As palavras parecem pautadas pela análise que explica o sucesso da Seleção da Alemanha. É só um consenso miúdo. Afinal, é preciso dizer alguma coisa. Diz também que cessou a sua carreira de empresário de jogador. Ele mesmo acha que a atividade gera certa suspeição sobre sua isenção.
Entre outras coisas, afirmou: “O mais importante agora é definir o que queremos. Temos amistosos em breve, não temos muito tempo pra pensar”.
Não temos tempo para pensar? Isso não é bom.
A propósito: quando escolheram Felipão, por exemplo, queriam o quê? É evidente que Gilmar chega lá em razão de afinidades eletivas ainda não muito claras. Tomara que se revele e que surpreenda para o bem. Não dá para saber, por enquanto, o que eles querem. 
Por Reinaldo Azevedo
17/07/2014
 às 12:43

Primeiro nome pós-Mineiraço – Gilmar Rinaldi é o novo Coordenador de Seleções da CBF

Na VEJA.com. Volto no post seguinte:
O ex-goleiro Gilmar Rinaldi é o novo Coordenador de Seleções da CBF. O anúncio foi realizado pelo presidente da entidade, José Maria Marin, na manhã desta quinta-feira, na Barra da Tijuca, no Rio. Gilmar ocupará o cargo deixado por Carlos Alberto Parreira na equipe principal e dirigirá ainda todas as categorias de base da seleção.
Tetracampeão em 1994, na reserva de Taffarel, Gilmar trabalhou como agente de jogadores nos últimos 14 anos. Ele, no entanto, deixou claro que se dedicará exclusivamente à nova função. “Minha atividade de agente Fifa agora está extinta oficialmente, não existe mais. Meu foco é, exclusivamente, a seleção brasileira.”
Gilmar Rinaldi não adiantou quem será o futuro treinador da seleção. “O treinador, que vai ser escolhido em conjunto com o presidente (Marin), precisa estar em sintonia direta conosco. Vamos viajar muito, assistir aos jogos, treinamentos e interagir com os treinadores. Precisamos adaptar o que está acontecendo ao nosso estilo e à nossa cultura.”
Segundo Gilmar, o novo técnico da seleção brasileira deve ser anunciado em breve. “Estamos em contato, traçando o perfil. Vamos conversar com essas pessoas e vamos ver se é realmente o que estamos pensando. O mais importante agora é definir o que queremos. Temos amistosos em breve, não temos muito tempo pra pensar.”
Por Reinaldo Azevedo
17/07/2014
 às 5:07

LEIAM ABAIXO

Por Reinaldo Azevedo
17/07/2014
 às 4:53

Aécio põe o dedo na ferida do programa “Mais Submédicos”. Ou: Os apalpadores e a redução dos leitos hospitalares

O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, fez, entendo, a coisa certa nesta quarta ao afirmar que o programa “Mais Médicos” continua — e nunca ninguém pediu que acabasse, é bom que fique claro —, mas que não aceitará as imposições do governo cubano. Segundo os contratos hoje em vigor, os médicos oriundos da ilha recebem apenas de 25% a 30% do que custam aos cofres públicos: R$ 10 mil. O resto vai parar na ditadura de Fidel Castro. Transformou-se uma fonte de renda. Estimam-se em 11.400 os médicos cubanos que atuam no programa no Brasil. Cuba recebe mais ou menos R$ 79,8 milhões por mês — ou R$ 957,6 milhões por ano. Em suma, a exportação de carne humana rende à tirania dos irmãos Castro quase R$ 1 bilhão. Não custa desconfiar: como a ilha não é, assim, um exemplo de transparência, em tese ao menos, o dinheiro que vai pode voltar, não é mesmo? Em ano eleitoral, pode ser a chamada mão na roda — ou no cofre. 
É claro que, se eleito, Aécio não vai conseguir mudar o contrato da noite para o dia. O importante é começar a rever essa imoralidade. Ele também prometeu que vai criar as condições para que os médicos estrangeiros façam o “Revalida”, o exame que permite a quem tem formação fora do país clinicar em terras nativas. Que fique claro: o programa hoje em vigor poderia ser chamado “Mais Submédicos”. Os profissionais são autorizados a trabalhar só ali e, em razão de não terem o “Revalida”, estão proibidos de executar uma série de procedimentos. Dilma falando certa feita sobre o Mais Médicos refletiu, com a profundidade característica: as pessoas precisam de médicos que as apalpem. Então tá. Eu acho que pobres e ricos precisam de médicos que possam fazer o diagnóstico de suas doenças. 
Sim, quem quer que venha a assumir o governo terá uma bela herança maldita na área da saúde, que não se resolve com apalpadelas. Entre 2002, último ano do governo FHC, e 2005, terceiro ano já do governo Lula, o número total de leitos hospitalares havia sofrido uma redução de 5,9%. Era, atenção!, O MAIS MAIS BAIXO EM TRINTA ANOS! Números fornecidos pelo PSDB? Não! Por outra sigla: o IBGE. Em 2002, havia 2,7 leitos por mil habitantes. Em 2005, havia caído para 2,4. “Ah, Reinaldo, de 2005 para cá,  algo deve ter mudado, né?” Sim, mudou muito! 
O quadro piorou enormemente: a taxa, em 2012, era de 2,3 — caiu ainda mais. E caiu não só porque aumentou a população, mas porque houve efetiva redução do número de leitos púbicos e privados disponíveis: só entre 2007 e 2012, caíram de 453.724 para 448.954 (4.770 a menos). Ou por outra: entre 2002 e 2012, o número leitos hospitalares por mil habitantes teve uma redução de 15%. Entre 2008 e 2013, foram fechados 284 hospitais privados. Segundo o Conselho Federal de Medicina, entre 2005 e 2012, fecharam-se 41.713 leitos do SUS. Isso sob as barbas do grupo político que vai repassar quase R$ 1 bilhão a Cuba por ano. 
Isso tem de mudar, com Aécio, Dilma Rousseff ou Eduardo Campos na Presidência. Segundo a lógica, se ela vencer, fica como está porque o que se tem também é obra sua. Campos, até agora, não se pronunciou, mas deve pensar algo a respeito. Aécio está dizendo que, se eleito, assim não fica.
Texto publicado originalmente às 21h05 desta quarta
Por Reinaldo Azevedo
17/07/2014
 às 4:41

68% não querem técnico estrangeiro na Seleção. Então tá! Viva o nacionalismo bocó!

Ai, que preguiça!
Segundo levantamento feito pelo Datafolha 68% dos brasileiros rejeitam um técnico estrangeiro para a Seleção. Só 23% dizem preferir essa alternativa, e 9% não souberam opinar. Por que será? Não faço ideia. É bem possível que, caso se indague se as pessoas preferem que a telefonia fique nas mãos de empresas privadas ou de uma empresa pública, esta ganhe de lavada. O mais interessante é que já foi assim, no tempo em que telefone era coisa de rico. Hoje, há mais celulares do que brasileiros, e a tontice nacional ainda continua a falar de “privataria”. Fazer o quê?
Técnico nacional por quê? Tite, diz o Datafolha, que ouviu 5.377 pessoas em 233 municípios, surge como o nome preferido, com 24% das menções. Depois, vem Zico, com 19%, seguido por Muricy Ramalho, com 14%, e Carlos Alberto Parreira e Vanderlei Luxemburgo, com 6%. Com todo o respeito, é um quadro desolador.
Pois é… Pensemos bem: não fosse Tite, seria quem? Os que gostam do esporte digam aí um nome que tenha feito algo de interessante no futebol brasileiro nos últimos tempos. Temos jogadores com experiência internacional e técnicos formados quase em campinho, não é mesmo? Não! Não estou comparando o desempenho dos atletas na Seleção àquele que exibem nos seus clubes — o Messi do Barcelona é melhor do que o da equipe argentina pela simples razão de que o Barcelona é, de fato, uma equipe, e o grupo que vestiu a camisa dos “hermanos” é só um ajuntamento de pessoas. O mesmo vale para o time brasileiro. Não custa lembrar: Neymar, o nosso craque, não é titular absoluto no Barcelona.
O ponto é outro. Qual é a qualidade das informações de que dispõem os técnicos brasileiros sobre o que vai mundo afora? Será que Felipão estava mesmo preparado para enfrentar uma Alemanha que põe em campo craques que sabem tocar a bola, não mais tanques de guerra, que jogavam aquela coisa que até parecia futebol — e com bastante eficiência, mesmo assim? A Seleção Alemã chegou a oito finais (é recorde) e venceu quatro.
Um técnico tem de ser mais do que um boleiro. Não! Eu não estou à procura de um filósofo para a função. Tem de fazer o time jogar bem e de ter compromisso com a vitória. Mas é evidente que precisamos de alguém capaz de pensar o esporte de maneira mais ampla. Precisamos de alguém que saiba cuidar também da, digamos, mentalidade. E, sinceramente, não vejo ninguém no Brasil com essas características. A CBF chegou a discutir a contratação de um estrangeiro, mas, consta, recuou. Depois dessa pesquisa, aí é que não acontece mesmo.
Mas vejam lá, hein? Tite é o que resta. Não pode ser um esquentador de cadeira apenas. Depois dele, não sobra mais ninguém. “Está antevendo que vai ser ruim com Tite?” Eu não! Defendia a sua permanência no Corinthians mesmo numa série com maus resultados. É o nosso técnico campeão do mundo. Acho apenas que o futebol precisa mudar de ares e ampliar o seu repertório.
Sem contar que tenho, por princípio, bode com nacionalismos dessa natureza. Costumam ignorar a realidade em nome de um preconceito.
Texto publicado originalmente às 22h46 desta quarta
Por Reinaldo Azevedo
16/07/2014
 às 23:04

Selic continua em 11% numa equação que parece sem saída

A taxa oficial de juros pode ser uma esfinge sem segredos por bons ou por maus motivos. Digamos que tudo esteja no lugar com a taxa “x”, e se sabe que a autoridade monetária vai deixar tudo como está. Com tudo no lugar, se é o caso de acelerar o crescimento por essa ou aquela razão, então se joga a taxa lá embaixo. Havendo sinais de retomada, então se eleva. Tudo dentro de uma certa coerência.
O Brasil já tem a taxa de juros mais alta da América Latina e dos Brics: 11%. Mas consegue conciliar isso com inflação de 6,5% — a mais elevada das economias organizadas do continente e também dos Brics — e crescimento na casa de 1%, com risco de o número ficar à direita do “zero, vírgula”. E aí?
Até agora, a elevação da Selic dos históricos 7,5% para 11% não se fez sentir na queda da inflação — sim, claro!, há fatores conjunturais e tal que explicam a pressão. Mas o que é o mundo sem a conjuntura, não é mesmo? São elas que conferem realidade à vida das pessoas. O fato é que o modelo — ou que nome tenha o arranjo que está aí — parece não ter saída. Elevar a Selic — que é de 11%, não mais de 7,5% — para conter uma inflação que já furou o teto da meta, mas num país com crescimento abaixo de 1%? Fica difícil.
Disse a presidente Dilma em entrevista recente que isso se deve à conjuntura — aí a internacional. E ela previu um novo ciclo. De onde vem essa história? Impossível saber. O certo é que ela prometeu que, se o mundo não estrar no dito-cujo, o Brasil vai sozinho. Então tá. Todos sabíamos que o BC deixaria tudo como está. Era a esfinge sem segredos. Por maus motivos.

Por Reinaldo Azevedo
16/07/2014
 às 22:52

Sem surpresas, Copom mantém Selic em 11% ao ano

Na VEJA.com. Volto no próximo post:
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reiterou o fim do aperto monetário dos últimos 14 meses e manteve a taxa Selic em 11% ao ano. A decisão foi unânime, sem viés – ou seja, é válida até o próximo encontro, em 2 e 3 de setembro. Trata-se da segunda vez que o Comitê mantém o juro básico da economia em 11%. A Selic chegou em tal patamar na reunião de abril deste ano. A autoridade monetária iniciou a trajetória de subida em abril do ano passado, quando a taxa de juros passou de 7,25% (mínima histórica) para 7,5%. No governo de Dilma Rousseff, que assumiu a presidência com a Selic a 10,75%, a maior taxa, de 12,5%, foi vista em julho de 2011.
Em nota divulgada logo após a reunião, o Banco Central afirmou que “avaliando a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, manter a taxa Selic em 11% ao ano”. Votaram por essa decisão o presidente do BC, Alexandre Tombini, e os diretores Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.
Desde o último encontro do Copom, em maio, os analistas davam como certa a manutenção da taxa Selic em 11%. A certeza estava na ata divulgada após a última decisão, quando o BC admitiu que a inflação ainda é uma realidade persistente no Brasil e que o consumo tende a desacelerar. “Para combater essas e outras pressões inflacionárias, nos últimos doze meses as condições monetárias foram apertadas, mas o Comitê avalia que os efeitos da elevação da taxa Selic sobre a inflação, em parte, ainda estão por se materializar. Além disso, é plausível afirmar que, na presença de níveis de confiança relativamente modestos, os efeitos das ações de política monetária sobre a inflação tendem a ser potencializados”, informou o documento.
O Relatório de Inflação do segundo trimestre publicado pelo BC indicou um cenário de juros estáveis, pelo menos ao longo de 2014 e 2015. Segundo a equipe de análise do Itaú BBA, a autoridade monetária dá indícios ainda de que a Selic deve se manter em 11% até 2016, quando a inflação pode dar mostras de convergência para o centro da meta, que é de 4,5% ao ano. Atualmente, o IPCA, que mede a inflação oficial, está em 6,51% no acumulado de doze meses, ultrapassando o teto da meta, que é de 6,5%. Para o economista-chefe do Itaú BBA, Ilan Goldfajn, no entanto, seria necessário a retomada da alta dos juros para que o BC atinja o objetivo esperado em 2016. “Para reduzir o risco e levar a inflação de volta para o centro da meta, julgamos que seria necessário que o Copom retomasse o ciclo de alta de juros em 2015″, afirma Goldfajn, em relatório enviado a investidores. A avaliação de que uma retomada da trajetória de alta nos juros é necessária em 2015 consta da análise de outras instituições financeiras, como banco Pine, Fator e Goldman Sachs.
De acordo com os economistas, diante da desaceleração econômica e do aumento dos preços, o mais recomendável é manter a taxa onde está apenas em 2014, até que o quadro inflacionário — e também eleitoral — seja mais claro. Os profissionais citam, ainda, que toda a comunicação do Banco Central alimenta a ideia de estabilidade, principalmente quando, em discursos e nos documentos, a autoridade monetária reforça que os resultados da política monetária se manifestam com defasagem. Isso significa que os efeitos da alta dos juros do ano passado estão sendo sentidos na economia apenas este ano.
Por Reinaldo Azevedo
16/07/2014
 às 20:31

Novas sanções dos EUA atingem gigantes da Rússia

Na VEJA.com:
Enquanto o presidente Vladimir Putin conta com o apoio dos países emergentes contra as sanções impostas à Rússia em decorrência da crise na Ucrânia, os Estados Unidos e a União Europeia ampliam as medidas contra Moscou. Nesta quarta, o Tesouro americano anunciou que as novas ações vão atingir alguns dos principais bancos e companhias energéticas do país. Empresas do setor militar também serão afetadas. Em Bruxelas, os líderes dos países do bloco europeu concordaram em expandir suas sanções de modo a incluir empresas russas e ucranianas que ajudam a minar a soberania da Ucrânia.
As companhias e pessoas afetadas pelas restrições ficarão impedidas de aumentar suas dívidas ou obter novos financiamentos por meio dos Estados Unidos. No entanto, o Tesouro não bloqueou ativos nem proibiu cidadãos ou firmas ligadas aos EUA de fazer negócio com quem foi listado. Nenhum setor da economia russa foi inteiramente bloqueado, o que prejudicaria também outros países.
Os EUA afirmaram que o Kremlin “não cumpriu com padrões básicos de conduta internacional”. “A Rússia continuou a desestabilizar a Ucrânia e a fornecer apoio aos separatistas, apesar de suas declarações em contrário”, afirmou o subsecretário do Tesouro David Cohen, segundo declaração reproduzida pela rede CNN. O Departamento do Tesouro afirma que as novas sanções “aumentam o custo do isolamento econômico” para as companhias russas.
Entre as empresas citadas pelo governo americano está a estatal Rosneft, maior produtora de petróleo do país, a Novatek, segunda maior companhia de combustível, as instituições financeiras Gazprombank, ligado à estatal petrolífera Gazprom, e Vnesheconombank (VEB), banco estatal de desenvolvimento, e até a icônica fabricante de armas Kalashnikov, informou o Wall Street Journal. Também foram sancionadas as duas principais entidades separatistas da Ucrânia, as autoproclamadas República Popular de Donetsk e República Popular de Lugansk.
O presidente Barack Obama cobrou da Rússia a interrupção do fluxo de militantes e armas pela fronteira e apoiar conversas de paz. “Nós enfatizamos nossa preferência em resolver essa questão diplomaticamente, mas temos de ver ações concretas e não apenas palavras”, disse a jornalistas. “O apoio da Rússia aos separatistas e as violações à soberania da Ucrânia continuaram”.
Também foram incluídos na lista quatro funcionários do governo russo: Serguei Besesda, diretor do Serviço de Informação Operacional e Comunicações Internacional; Oleg Savelyev, ministro para Assuntos da Crimeia; Serguei Neverov, vice-presidente do Parlamento; e Igor Shchegolev, assessor de Putin. Para o presidente russo, as novas medidas vão piorar as relações com os EUA. “Elas tendem a ter um efeito bumerangue e, sem dúvida, levam as relações entre Rússia e Estados Unidos a um beco sem saída, provocando graves prejuízos”.
Europa
Os líderes europeus concordaram em congelar ativos de companhias que apoiem “material ou financeiramente” os separatistas do leste da Ucrânia – a lista de pessoas e empresas alvo da medida ainda será elaborada. Também decidiram suspender a cooperação financeira com a Rússia por meio do Banco Europeu de Investimentos e do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento.
Por Reinaldo Azevedo
16/07/2014
 às 19:37

De novo a candidatura de Arruda no DF, o Estado de Direito e os juízos de exceção

Ai, ai, ai… Lá vamos nós de novo, seguindo nos passos de Voltaire, segundo quem “o segredo de aborrecer é dizer tudo”. Quem aí se habilita a defender José Roberto Arruda, ex-governador do Distrito Federal? Eu não! O fato é que, qualquer que seja a punição a lhe ser aplicada, isso tem de ser feito segundo a lei. Qual é o busílis? A Procuradoria Regional Eleitoral do Distrito Federal resolveu questionar na Justiça a candidatura de Arruda. Por quê? Segundo a lei, ele é agora um “ficha suja”. Foi condenado em segunda instância por improbidade administrativa.
Acontece que a jurisprudência da Justiça Eleitoral considera que existe um marco temporal para a tal “ficha suja” inviabilizar uma candidatura: a data do registro. E a condenação de Arruda é posterior a esse registro. Caberá ao Tribunal Regional Eleitoral tomar a decisão. Se for contrária a Arruda, ele poderá recorrer ao TSE.
No pedido de impugnação, argumenta a Procuradoria: “A inelegibilidade decorrente de condenação por ato de improbidade administrativa pode ser arguida na fase de registro, mesmo que a decisão seja publicada depois da data-limite para o requerimento, como é o caso em exame”.
Mas esperem: não é a publicação que é posterior ao registro; é a condenação. Aí as coisas se complicam. A Procuradoria argumenta ainda: “Não é demais acrescentar que, no caso em exame, se o impugnado vier a ser eleito, sem reversão da atual decisão acerca da improbidade ou suspensão de seus efeitos, não poderá ser diplomado no cargo de governador, o que levará à anulação dos votos concedidos à chapa e à consequente anulação da eleição”.
Releiam o que vai acima. O raciocínio feito pela Procuradoria é o seguinte: como é grande a chance de que ele venha a ser punido depois, então vamos aplicar a punição já para evitar contratempos.
Máxima vênia, não é assim que se constrói o estado de direito. Se esse entendimento da lei prospera, as punições começarão a ser aplicadas antes dos julgamentos. Já escrevi aqui que a Papuda pode até ser um bom lugar para  Arruda, mas segundo a lei, não contra ela.
Por Reinaldo Azevedo
 

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